Senadores ouvem laboratórios e destacam número insuficiente de vacinas

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O Senado ouviu, hoje (23), representantes de laboratórios que desenvolvem vacinas contra o covid-19 ou de parceiros brasileiros dessas empresas. Foram ouvidos os diretores da Pfizer, Janssen, Bharat Biotec, Precis, Sputnik V e Fiocruz. Os senadores ficaram preocupados com o que ouviram, pois, segundo os dirigentes, muitas vacinas encomendadas pelo governo brasileiro não devem chegar no primeiro semestre.

“Esta audiência demonstrou o que já suspeitávamos e temíamos: não teremos vacinas suficientes para acabar com esta carnificina. Vivemos os momentos mais difíceis e sombrios. Não temos leitos, não temos UTI, não temos oxigênio, não temos insumos. Está faltando um caixão ”, disse Simone Tebet (MDB-MS).

Tasso Jereissati (PSDB-CE) também lamentou a falta de uma entrega substancial de vacinas neste momento, em que o Brasil registra dezenas de milhares de casos novos por dia, além de mais de 3.000 mortes nas últimas 24 horas. “Vim para esta reunião esperando ver uma luz no fim do túnel, mas estou muito desanimado.”

Previsão

Durante a audiência, os representantes do laboratório apresentaram a estimativa de entrega da vacina ao Ministério da Saúde. A Pfizer estima que entregará 100 milhões de doses até setembro. A Janssen, com quem o governo brasileiro também manifestou intenção de comprar vacinas, tem previsão de entrega até o final do ano, sem data específica.

A Fiocruz, que também participou do encontro, apresentou sua programação. São 100,4 milhões de doses até julho, com 3,9 milhões entregues em março, 18,8 milhões de doses em abril e 21,5 milhões em maio. Outras 34,2 milhões de doses devem chegar em junho e 21,9 milhões em julho. No segundo semestre, com a produção nacional de insumos, são esperadas 110 milhões de doses.

A parceira da Indian Bharat Biotech, Precis, pretende entregar 20 milhões de doses em quatro lotes diferentes. “Seguindo o que está no contrato, entre o final de março e o início de abril chegam as primeiras 8 milhões de doses”, disse Emanuela Medrades, diretora técnica da Precis. No entanto, ele explicou que o envio das doses depende de autorização do governo indiano.

Solicitar vacinas

Kátia Abreu (PP-TO) disse que a situação é extremamente preocupante e sugeriu solicitar vacinas inativas de outros países. “A única solução que vejo é irmos atrás dos estoques de vacinas que existem no mundo. Temos de apelar aos Estados Unidos e à China, que são os maiores produtores e os nossos maiores parceiros, não só no comércio, mas também na cooperação. Saberemos ser gratos e leais aos países que ajudaram o Brasil ”, disse o senador.

Na semana passada, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pediu aos Estados Unidos que doem vacinas armazenadas que não devem ser usadas naquele país.

Solução

Respondendo às críticas sobre o fornecimento insuficiente de vacinas, o diretor de assuntos governamentais da Janssen, Ronaldo Pires, disse que as empresas do mercado de vacinas devem ser vistas como uma solução, não como parte do problema. Ele disse que a Janssen fará parceria com laboratórios concorrentes para transferir tecnologia e aumentar a produção para atender à demanda, mas disse que a entrega antecipada não pode ser garantida.

Segundo Pires, o mercado de vacinas em todo o mundo vem trabalhando a todo vapor para atender à demanda. “As empresas estão fazendo em sete meses o que fariam em sete anos. Não é por falta de empenho e esforço. Estamos em uma situação nunca pensada pela cadeia produtiva. Temos desafios de logística, armazenamento, suprimentos e seringas ”.

Com informações da Agência Brasil